
No oriente apreciam muito uma planta que é a flor de lótus que nasce em terrenos lamacentos. Sem lama não lá lótus.
Na verdade, a dor encerra em si mesma um enorme potencial de transformação, porque nos traz a motivação que muitas vezes precisamos para agir. O que nos motiva é simplesmente fugir da dor e buscar o prazer. Mas o peso da dor tem muito mais força.
Não escondo que tenho um grande apreço pela filosofia budista e ela começa precisamente com as 4 nobres verdades que no fundo são ensinamentos sobre a dor e a insatisfação que se transformam em sofrimento. E foi a partir dai que nasceu o budismo, como busca para a supressão da dor. Buda acreditava que a ausência de sofrimento resultaria em felicidade.
Mas para ser mais claro na resposta, a dor traz então um potencial de transformação, de crescimento pessoal, de evolução e isso torna-nos mais fortes porque nos obriga a mover e a mudar.
Acredito que a vida é um permanente ciclo de mudanças e de transformações que nos amadurece e é isso que nos torna mais fortes.
Ao ultrapassar a dor podemos perder os medos, desenvolver crenças potenciadoras e estratégias para ultrapassar o sofrimento, de modo tentar evitá-lo.
Esta imunidade ao sofrimento é um sinal de força e tem associada a capacidade de ser resiliente, ou seja, de ser resistente ao sofrimento.
Porém, a dor só tem esse potencial transformador se a enfrentarmos. Há pessoas que buscam incessantemente o prazer e que evitam a dor a todo o custo. Estas, quando confrontadas com situações dolorosas, paralisam e desistem – porque acreditam que não são capazes de a ultrapassar. E aí correm o risco de cair numa depressão, pelo menos enquanto a perceção da dor se mantiver ou durante o tempo necessário para tomar a decisão de a resolver e enfrentar.
Em resumo, sim, o que não nos mata torna-nos mais fortes. Recordo sempre uma frase da Virgínia Mello: “Venho de tantas tempestades que até perdi o medo da chuva”.