O que é a felicidade e como a podemos alcançar?

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Vamos, agora, falar sobre felicidade, mas não uma felicidade qualquer. Falemos sobre a felicidade autêntica, sobre o que é que é isso da felicidade autêntica, um conceito muito importante para a psicologia positiva, e de como é que se chega até ela. Como é que se constrói essa felicidade autêntica. 

A felicidade, por definição, é a perceção subjetiva do bem-estar. Se fores ao artigo que fala da construção do bem-estar, se construíres aquele bem-estar, tu, provavelmente, vais ter esta perceção subjetiva do bem-estar a que chamamos de felicidade. Não é assim tão inalcançável.

É possível ser feliz e ter problemas, ao mesmo tempo.

Durante muito tempo, pensou-se que bastaria reduzir o sofrimento, para que as pessoas pudessem ser felizes, ou seja, remover os traumas, as questões do passado, remover as questões circunstanciais das pessoas que lhes provocam o sofrimento. Pensou-se que reduzindo estas questões, que traziam sofrimento, as pessoas podiam ser felizes, mas isso não é verdade! Dor e prazer utilizam circuitos cerebrais diferentes – isto está comprovado cientificamente. Também está provado cientificamente que é possível ser feliz e ter problemas, ao mesmo tempo. Há muitas pessoas que pensam que a felicidade é um estado de ausência de problemas. Eu não sei se isso é possível, sequer, nem sequer se é desejável, porque se tu não tens problemas, significa que já não estás a crescer, já não estás a evoluir. E se não estás a evoluir, então, se calhar, a tua missão está um bocadinho sem sentido, sem propósito, porque eu acredito que o propósito da vida é sobretudo este crescimento e esta evolução. Assim sendo, reduzir o sofrimento não traz felicidade! É possível ter problemas e ser feliz ao mesmo tempo.

Mas como é que isso se faz?

Trata-se sobretudo de gerar momentos definidores, momentos em que tu tomas decisões. A partir do momento em que tomas uma determinada decisão, tudo na tua vida começa a ser diferente. É preciso criar-te condições para, então, tomares estas decisões em consciência e teres momentos definidores, momentos que definam como é que queres ser no teu futuro, como é que queres estar no teu futuro. Em vez de tratar as doenças mentais, as feridas emocionais, as vinculações traumáticas e tudo isso, agora, daqui para a frente, vamos começar a pensar: como podemos tornar a nossa vida mais feliz. E vamos começar, também, a identificar e a cultivar os nossos talentos, para que possamos despertar para o nosso máximo potencial. 

Resumindo, estas são as 3 missões clássicas da Psicologia e também são fundamentos, de alguma forma, deste programa: 

- Curar doenças mentais; 

- Tornar a vida mais feliz; 

- Identificar e cultivar talentos.

A Psicologia falhou

Mas por que é que a Psicologia falhou nisto? Porque é que a Psicologia falhou no desenvolvimento da identificação e cultivação de talentos e falhou em tornar a vida mais feliz? Porque houve uma grande pressão do mercado, de procura, por causa do aumento do stress, ou seja, o aumento do stress, da depressão, da ansiedade, que são fenómenos que estão muito associados à industrialização, às migrações, a ciclos migratórios. Situações em que as pessoas ficam desajustadas das suas realidades, criam-se guetos – que é um fenómeno da urbanização. Portanto, há uma série de fenómenos sociais, que vêm das migrações em massa para grandes centros urbanos, que criam esta pressão, este stress, a hiper competitividade, que levam depois à sensação de incapacidade para fazer face aos desafios da vida, e geram estados de tristeza, angústia e, depois, de depressão. Houve, assim, muita pressão desta procura do mercado e a Psicologia começou a utilizar um modelo médico, orientado para curar as doenças. Porquê? Porque estavam a chegar centenas ou milhares de pessoas todos os dias, aos hospitais, e à procura dos serviços de saúde. A Psicologia foi obrigada a dedicar demasiado esforço à questão clínica – a questão da prática clínica, que é, no fundo, orientada para curar doenças, segundo o modelo médico. 

O papel da depressão

Para teres uma ideia, é isto em termos de interesse, mesmo até da própria comunidade científica. Há 10 anos, foi feito um levantamento dos estudos que existiam, na área da Psicologia. Percebeu-se que 2745 desses estudos falavam sobre felicidade e 69316 – estudos científicos da Psicologia – falavam sobre depressão. Portanto, a depressão, o problema de ansiedade, do stress deste novo paradigma social, acabou por assumir um papel preponderante no próprio caminho da Psicologia. No fundo, isto demonstra que a sociedade está muito mais preocupada com a resolução de problemas instantâneos do que com a felicidade a médio-longo prazo. A Psicologia acabou por ser arrastada pela pressão do todo social. 

cultivar aquilo que cada pessoa tem de melhor 

Então, a Psicologia positiva é o estudo das forças e virtudes - vamos ver um pouco melhor o que isto é -, e estas forças e virtudes permitem aos indivíduos, organizações e comunidades, atingirem o seu desenvolvimento pleno. Provavelmente, então, a tal da felicidade.  

Cada vez mais, as pessoas querem ter uma vida feliz, querem, uma vida significativa, uma vida plena, e, portanto, temos de movimentar os esforços da Ciência, nesse sentido. No fundo, trata-se de cultivar aquilo que cada pessoa tem de melhor. 

Há muitas pessoas que dizem: “Ah e tal, é tudo uma questão de atitude... é tudo uma questão de vontade”. Não é. Não é tudo uma questão de vontade, não é tudo uma questão de atitude. 

As causas da felicidade

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Sonja Lyubomirsky, uma investigadora, também na área da Psicologia positiva, descobriu as causas da felicidade

Ela percebeu que 50% das causas da felicidade deve-se a fatores hereditários, ou seja, são coisas que tu herdas – eu não sei se isto é só pela parte genética, mas também pode ser muito pela parte da socialização. O que é certo é que nós trazemos da nossa família, do ambiente em que crescemos, muitos fatores hereditários, que vão condicionar se somos ou não felizes.

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Depois, há as chamadas circunstâncias da vida, sobre as quais ninguém tem controlo. Estas circunstâncias da vida vão ter um peso de, mais ou menos, 10% na construção desta sensação de felicidade. E há aqui 40% que restam às atividades intencionais. Nós, na verdade, só podemos intervir nestas atividades intencionais. 

E o que é que é isto de atividades intencionais? 

Por atividades intencionais entendem-se todas as que podem ser controladas, de alguma forma, pelo indivíduo, que estão sob o teu poder, que estão ao teu alcance alterar. São sobretudo dois tipos de coisas: os pensamentos (o modo de pensar) e o comportamento (o modo de agir). Isto são fatores que podem ser condicionados por nós, ao contrário dos outros. As circunstâncias da vida, não podemos fazer muito para alterar, pelo menos a curto prazo; os fatores hereditários, não podemos fazer rigorosamente nada para os alterar, mas há estes 40%. Estes 40% de atividades intencionais que dependem do nosso comportamento e da forma como nós modelamos o comportamento, e isso sim, está perfeitamente à nossa disposição alterar. É uma questão de decisão e de opção.  

Então, pretende-se com isto criar intervenções positivas para promover a felicidade autêntica e, nomeadamente, minimizar as emoções negativas e maximizar as emoções positivas. Eu já te vou mostrar mais porque é que isto é realmente muito importante. 

Classificação de felicidade

Será que a felicidade é euforia ou é um estado de espírito? O que é que tu achas? 

O que é importante, de qualquer das maneiras, é cultivar o que cada pessoa tem de melhor, isto é o objetivo, e parece-me unânime para a Psicologia positiva. E isto parte muito, também, da questão das emoções positivas, e estas – que são as tais que é preciso maximizar -, têm muito a ver com: o amor, a gratidão, o significado, por exemplo, e tantas outras... a alegria, o contentamento, tantas outras emoções positivas podem ser criadas e geradas. E depois minimizar as emoções negativas: a tristeza; o medo; a raiva; a culpa – que seria um sentimento, mas também deriva de uma emoção. Portanto, reduzir estas emoções negativas. 

Assim, promover o bem-estar e promover a felicidade, seria reduzir as emoções negativas e maximizar as emoções positivas. Isso fazia-te sentido? Será que isto te fazia feliz? Uhmm… sim!

De certeza que serias um pouco mais feliz, se tivesses mais emoções positivas do que emoções negativas, mas não é assim tão literal.  

Há uma proporção emocional, uma proporção a partir da qual tu estás feliz, em que podes considerar-te uma pessoa feliz. 

Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, se tiveres uma proporção de uma para uma, ou seja, de uma emoção positiva para cada emoção negativa, estás numa depressão leve.  

Se tiveres uma proporção de duas para uma, és daquele tipo de pessoas a que costumo chamar “uma pessoa, vai-se andando”, nem está bem nem está mal, está mais ou menos, ou antes, pelo contrário, “assim assim”.  

Depois, as pessoas que têm uma proporção três para uma, ou seja, três emoções positivas, para cada emoção negativa. Estas são as pessoas positivas e as pessoas felizes, e eu tenho a certeza de que tu queres estar neste conjunto de pessoas, positivas e felizes.

Temos de encontrar uma forma de gerar três emoções positivas, para cada emoção negativa. Parece-te um desafio? Vamos ver mais à frente no programa como é que podemos fazer isso.  

Por fim, o três para uma é conhecido como o estado mentalmente positivo ou o estado de flow. Neste estado de flow, nós esquecemos de tudo, ficamos completamente absorvidos, e em qualquer atividade é possível entrar em flow.

Estado de flow

flow foi descoberto na observação de pintores, da forma como os pintores trabalhavam, porque ficavam tão compenetrados naquilo que estavam a fazer que se esqueciam de tudo o que estava à volta. Foi observado inicialmente, pelo principal autor sobre este tema, que as pessoas entravam num estado em que, de facto, ficavam com uma ligação tão profunda àquilo que estavam a fazer, à atividade que estavam a desenvolver, que ele pensou inicialmente que era algo exclusivo das tarefas ou das atividades mais criativas. Mas, depois, veio-se a demonstrar que não. Em qualquer atividade é possível entrar neste modo de flow, em que tudo fica leve, em que nos esquecemos de tudo, em que ficamos absorvidos por energias positivas. Para o estado de flow, lá está, só a atividade não traz felicidade. A atividade ajuda, mas ainda assim, não só. 

Falávamos, há pouco, das emoções positivas, não é? As emoções positivas ajudam, mas não só. O estado de flow, que nos leva, então, a esta compenetração na nossa atividade, também nos ajuda a criar uma forma de estar mais positiva e sermos mais felizes, mas não só. Embora a atividade traga felicidade, sem dúvida que juntamente com a forma como nós estamos - este flow, este estado de flow como uma atividade que, juntamente com as emoções positivas-, nos origina uma profunda ligação, um profundo sentido daquilo que estamos a fazer, mas ainda é preciso outro fator para a felicidade total e para a felicidade autêntica, que é esta noção de significado e de propósito.

Temos um quadro para representar o que acontece quando entramos em flow: começamos a sentir uma grande fonte de emoções positivas, começamos por sentir uma motivação intrínseca. Isto leva-nos a uma grande concentração, um alto nível de desempenho e emoções positivas, e por isso, depois, cria-se aqui um ciclo, uma espiral benéfica, neste sentido em que as pessoas ficam cada vez mais concentradas, cada vez mais compenetradas, cada vez mais motivadas. Sentem-se cada vez mais positivas e também produzem melhor. É um estado a que importa nós chegarmos, ou pelo menos, importa tentar alcançar. 

Em resumo, a felicidade total é um constructo, que se faz a partir destes 3 fatores: as emoções positivas, este estado de flow e o tal sentido de significado e de propósito.

Obrigado por estares aí. Estamos a mudar o mundo a uma pessoa de cada vez, porque pensamos em grande e agimos em pequenino. 

Para saberes mais sobre como conquistar a felicidade, carrega AQUI.