Neste artigo, vamos falar da maior ameaça às nossas relações.
Como sabes, acredito que a qualidade da nossa vida é, em larga medida, a qualidade das nossas relações. E há uma grande, grande, grande ameaça à qualidade das nossas relações, que é a falta de empatia. De repente, parece que toda a gente acaba por se preocupar demasiado consigo próprio e por se tornar quase como uma referência para os outros, querendo impor-se aos outros, não é?
Ou seja, as pessoas têm juízos de valor, fazem julgamentos de valor, mas também fazem muitos julgamentos de preferência e julgam muito os outros à sua imagem e semelhança. Achamo-nos melhores do que os outros, e que os outros deveriam ser mais como nós. Isso não é de todo verdade, porque, na realidade, são as diferenças que nos unem e são estas diferenças que fazem com que, de facto, o mundo possa avançar. Senão, seria tudo muito monótono.
Há tempos, ouvi um discurso do Obama, numa universidade Norte-Americana, sobre a grande crise dos Estados Unidos, que é, segundo ele, mais do que a crise económica, mais do que a crise financeira, mais do que a crise tecnológica, mais do que outra crise qualquer: a crise da falta de empatia.
Então, o que é que é isto da empatia?
A empatia é colocarmo-nos no lugar do outro e não tentarmos forçar a que o outro se coloque no nosso lugar. Para exerceres, de facto, a empatia, tens que respeitar o outro tal como ele é, aceitá-lo tal como ele é, aceitar a realidade que ele vive, a forma como ele está, o comportamento. E o comportamento não é um identificativo daquilo que as pessoas realmente são, aquilo que a pessoa acredita, aquilo que a pessoa valoriza, aquilo que a pessoa deseja. A empatia também tem esta faceta da aceitação do outro tal como ele é, porque só quando tu consegues aceitar o outro - e aceitar a diferença dele em relação a ti, isto é, colocares-te no lugar dele, e não fazeres o exercício que nós fazemos muitas vezes, às vezes até inconscientemente, de tentarmos pôr o outro no nosso lugar -, é que crias condições para um respeito pela individualidade do outro, o que vai melhorar muito as relações. Primeiro, porque, aceitando o outro, vai permitir também que ele reforce a aceitação dele próprio e assim também podemos esperar um pouco esse feedback. Só através desta lente da empatia é que nós conseguimos, de facto, observar o outro tal como ele é, não simplesmente aquilo que ele tem ou a forma como ele se comporta, mas aquilo que ele acredita, aquilo que ele valoriza, aquilo que ele sente, aquilo que ele pensa.
É preciso, de facto, fazer este exercício, porque só quando compreendemos e aceitamos melhor o outro é que ganhamos condições para o respeitar, de uma forma integral. Então, este exercício mútuo, feito mutuamente, ou seja, eu tenho empatia pelo outro, o outro tem empatia por mim, vai favorecer melhores relações, e isto é tão mais importante, tão importante para a construção de uma qualidade de vida e de uma sensação de plenitude com a vida.
Fica a dica. A empatia é muito importante e tem muito a ver com colocares-te no lugar do outro, em vez de pedires que o outro se coloque no teu lugar.