Uma pessoa procrastinadora, normalmente, possui dois tipos de padrão de adiamento: o adiamento perfecionista, que já explorámos na aula anterior, e um padrão de adiamento impulsivo.
Contudo, antes de passarmos para o adiamento impulsivo, é necessário esclarecer a diferença entre um adiamento procrastinador (de que temos vindo a falar) e um adiamento estratégico (como referido por Klingsieck). Este segundo tipo de adiamento é um adiamento intencional, onde decidimos que as vantagens de adiar podem ser mais benéficas do que as suas consequências (ex.: trabalho que consideramos que vai ser cancelado).
Passando então para o padrão de adiamento impulsivo, este costuma ser mais frequente, apesar de menos estudado. Neste padrão, a pessoa apresenta uma elevada incapacidade de lidar com a ansiedade, com a expectativa e com a espera para atingir um determinado resultado ou objetivo. Com isto, a pessoa acaba por ceder perante uma outra recompensa imediata (ex.: tarefas que não são importantes ou urgentes, mas provocam prazer), ou seja, substitui temporariamente a tarefa que gera ansiedade. Esta substituição provoca um alívio imediato da ansiedade sentida, mas, a longo prazo, pode levar a uma constante sensação de baixa autoeficácia, sentimentos de culpa, inadequação, incerteza, autocrítica, depressão ou ansiedade, desperdício de oportunidades, fraco desempenho, entre outras consequências.
Na verdade, estes adiamentos só acontecem porque o autocontrolo e a inteligência emocional não estão ainda suficientemente desenvolvidos e, por isso, a recompensa final é substituída pela recompensa imediata. Quando a pessoa atinge a maturidade emocional, torna-se capaz de analisar o que está a causar a ansiedade e de gerar soluções para as causas, diminuindo assim a ansiedade e podendo, por consequência, voltar a focar-se na tarefa.
Quando a pessoa está a procrastinar, está a fazer um adiamento irracional, isto porque, voluntariamente, adia a realização da tarefa. Todavia, a pessoa sabe que não é essa a solução e que está a agir contra o resultado ou objetivo definido, que a levará a cobrar-se e criticar-se pelo adiamento, constantemente.
A grande questão da procrastinação é a falta de vontade de progredir numa atividade. Quanto mais adiamos, menos vontade temos de fazer e dizemos para nós mesmos: “amanhã eu vou recomeçar”, “amanhã é um novo dia”. O tempo é limitado e, por isso, chegamos a um momento em que não temos mais tempo, o sufoco toma conta de nós e cumprimos a tarefa. Contudo, as consequências dessa correria no final da meta fazem com que o esgotamento e exaustão tomem conta de nós.