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Os pensamentos e as crenças

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Platão tinha uma frase engraçada que dizia que as opiniões estão algures entre a verdade e a completa ignorância, qualquer coisa está entre uma coisa e outra. E todos temos direito a ter opiniões. Temos opiniões e temos direito a elas. É um direito que nos é garantido nas sociedades livres, ainda que estas nossas opiniões sejam completos disparates.  

Sim! Nós temos o direito a ter opiniões completamente disparatadas. Agora, o maior disparate é nós pensarmos que estas nossas opiniões são verdadeiras e tentarmos impor estas opiniões a outras pessoas, e fazemos isto demasiadas vezes. E é preciso estar alerta para isto, para impor aos outros e para também não aceitar que te imponham opiniões sem fundamento. 

Sobre os pensamentos.

Dentro das nossas cabeças também existem pensamentos.  

E passamos quase todo o nosso tempo entre pensamentos que oscilam entre o passado e o futuro.  

Há uma estatística que diz que menos de metade do tempo durante o nosso dia-a-dia, nós estamos de facto concentrados no momento presente - é evidente que isto varia muito de pessoa para pessoa, mas eu acredito que esta estatística seja verdadeira. Mais de metade do nosso tempo, em média, nós passamos perdidos em pensamentos entre o passado e o futuro. E os pensamentos não são reais - é preciso termos atenção, compreender que os pensamentos não têm uma realização própria, não são propriamente reais, eles podem ser questionados. 

E o problema muitas vezes não é o nosso pensamento, é a forma como acreditamos nele, e acreditamos nos medos em relação ao futuro e histórias em relação ao passado. As histórias do passado trazem muitas vezes a culpa, a vergonha, e algumas angústias às vezes também, muitas vezes relacionadas com os ressentimentos. E em relação ao futuro, temos muitos medos, somos muitas vezes afetados pelas ansiedades que esses medos geram. Mas aquilo que eu te gostava de salientar nesta fase, é que os pensamentos são normais. É normal, nós pensarmos. Mas, ainda assim, os nossos pensamentos merecem ser questionados, eles não são obrigatoriamente verdadeiros, eles não têm uma ligação à realidade. 

E que pensamentos são esses?  

Os nossos pensamentos baseiam-se muitas vezes num diálogo interior, além de estarem muito perdidos entre o passado e o futuro, portanto, não se centram no momento presente, que é quando a vida realmente acontece. Eles baseiam-se muito num diálogo interior entre um diabinho e um anjinho; a parte boa de mim e a parte menos boa de mim. E este anjinho é o que chamamos a nossa consciência.  

Mas consciência é algo mais amplo do que isso, mas, muitas vezes, relacionamo-nos com este diálogo interior, entre uma parte boa e uma parte menos boa de nós. Podem ser diálogos entre as nossas emoções e a nossa razão, podem ser diálogos entre o nosso lado luz e o nosso lado sombra. Existe alguma dicotomia. Este diálogo interior é de facto, para a maioria das pessoas fundamentado nesta dicotomia entre o bem e o mal, mas temos que reconhecer que é difícil compreender exatamente o que é que é bom e exatamente o que é que é mau.  

Mas, se uma parte dos nossos pensamentos é útil para criar estratégias e para enfrentar os desafios do nosso dia-a-dia, uma boa outra parte - e para muitas pessoas a maior parte - limita-se em colocar em causa todas as possibilidades e isto motiva muitas vezes a inércia. Há um processo que eu costumo falar, que é o processo de paralisação por excesso de análise. A paralisação por excesso de análise ocorre quando nós queremos pôr em causa todas as possibilidades e queremos pensar em prever todas as possibilidades, estar preparado para todas elas e, portanto, acabamos por paralisar.  

Ora, aquilo que está mais que comprovado - e até pela tua própria experiência deves concordar com isto - a maioria dos cenários que imaginamos não são reais e não têm nenhuma possibilidade de se realizarem, e quase sempre, aquilo que nos acontece, mesmo quando nós preparamos um plano A, um plano B, um plano C, um plano D, um plano E, e até um plano Z.  

Por isso a urgência de estarmos preparados internamente para todas as circunstâncias que a vida nos possa oferecer, e não obrigatoriamente estarmos preparados para circunstâncias específicas, ou seja, faz sentido nós estarmos preparados para aceitar as coisas como elas são e como elas se nos apresentarem para que possamos ter uma visão mais clara das oportunidades que cada circunstância da vida nos pode oferecer. 

Eu acredito que todas as circunstâncias da vida, mesmo aquelas mais negativas, nos podem oferecer sempre boas oportunidades e, por isso, faz sentido nós quebrarmos este diálogo interior que está sempre a questionar e está sempre a pôr em causa todas as possibilidades e evitamos assim a paralisação por excesso de análise e simplesmente deixamos a vida fluir, deixamos que as coisas aconteçam, com profunda confiança na nossa capacidade de responder a qualquer circunstância que a vida nos ofereça.